Um brinde aos clichês!

Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos. (« O Pequeno Príncipe » de Antoine de Saint-Exupéry)

Em um ano dificil como 2020, o essencial ficou mais evidente do que nunca. Com a nossa liberdade reduzida, fomos obrigados a encarar, através da falta, o que importa de verdade na nossa vida. Encontrar os amigos faz falta, o convívio com os colegas faz falta, os professores fazem falta, reunir a família faz falta. Abraçar, estar perto, estar junto. Não é fácil abrir mão do que a gente sempre teve como certo e garantido e que, exatamente por isso, a gente talvez tenha desaprendido a ver como essencial. Mas 2020 trouxe aprendizados e esse é só um dos vários clichês que trago neste texto. Se você não gosta ou não está a fim de ler obviedades neste momento, recomendo parar de ler este texto e ir para o próximo. Ou para os anteriores. Mas se você, assim como eu, reviu prioridades no ano passado e se pegou em algum momento com a mão na testa pensando « O que que eu tô fazendo ? Onde isso vai me levar ?», pega sua xícara de chá (ou sua taça de vinho) e vem comigo nesta lista de coisas óbvias (pero no mucho) que eu aprendi ou reaprendi em 2020.

Antes de começar, eu queria deixar claro que não considero, nem de longe, o momento que estamos vivendo como uma oportunidade incrível para se investir no desenvolvimento pessoal, descobrir novas habilidades, ler vinte livros, se tornar musa fitness, fazer cursos gratuitos da Harvard, aprender a fazer pão e virar poliglota. Eu acho que é o momento de fazer o que está ao nosso alcance e, principalmente, de ficar em paz com isso. Aliás, esse foi um dos meus aprendizados. Vou compartilhar os outros com vocês a seguir. Prontos e prontas para a chuva de clichês ?

1. Respeitar o tempo

As coisas não acontecem no tempo que a gente quer. E apertar o botão do elevador mais vezes não faz com que ele chegue mais rápido. As coisas levam o tempo que elas tiverem que levar e tudo o que a gente pode fazer é a nossa parte.

2. «Em caso de despressurização da cabine, máscaras cairão automaticamente. Coloque primeiro a sua e só então auxilie quem estiver ao seu lado »

Cuidar da sua saúde física e mental para poder cuidar dos outros. Não é egoísmo, é lógica.

3. Dedicar tempo (que é limitado) ao que realmente importa

Nosso tempo aqui é limitado. A gente esquece disso e desperdiça horas com vários nadas nas redes sociais. As minhas estão todas silenciadas, entro para postar o que eu quero e ver/compartilhar os posts e stories que eu quero (uns quatro ou cinco perfis que me fazem refletir ou rir). Não sei mais o que é correr o dedo pelas postagens e isso foi libertador. Não estou usando o tempo que eu parei de gastar com isso para aprender mandarim, mas até ficar olhando pela janela me traz mais prazer e paz do que ficar com o olho grudado no celular, a esmo.

4. Focar no que temos e não no que não temos

Parar um segundinho e lembrar que você tem saúde, família e amigos e isso é coisa pra caramba.

5. A felicidade está com as pessoas

É chato não poder ir em restaurantes, museus, cinema, shows, academia. Mas NADA faz mais falta do que estar com as pessoas que a gente gosta.

Como não poderia ser diferente, tudo o que mencionei aqui se aplica à criação de um filho bilíngue. 1. A aquisição de uma língua é um processo e, como tal, leva tempo. Exige paciência e não há atalhos. 2. Só consegue ensinar quem já aprendeu. Cuide do seu aprendizado também. 3. Aproveite o tempo com o seu filho para promover a máxima imersão possível na língua. Fale, explique, conte, leia. 4. Celebre as pequenas conquistas, porque elas são o mais importante. Elas são o sinal de que vocês estão no caminho certo (a direção é sempre mais importante do que a velocidade, né ?). 5. Transmitir uma língua vai sempre ser, acima de tudo, um ato de amor. Vai chegar o momento em que os pequenos vão poder encontrar de novo a vovó, o vovô, os priminhos. Que alegria eles vão sentir quando perceberem que continuam, mesmo depois de tanto tempo, falando a mesma língua.

Escrito por Priscilla Nogueira

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