Texto puplicado no Instagram em 16 de março de 2020.
Você já ouviu falar no método OPOL? Esse é um dos mais famosos entre famílias que desejam desenvolver o bilinguismo. A ideia parece simples: cada um fala em uma língua com os filhos. Assim, se você é brasileira e é casada com alguém de outra nacionalidade, você fala com seus filhos apenas em português e seu marido, apenas na outra língua. O plano é ótimo. Mas como será que ele funciona na prática? Ou melhor: será que ele funciona?
Durante a minha pesquisa, tive a oportunidade de entrevistar e observar famílias na Alemanha e na Suíça. Foi muito interessante perceber como o método OPOL, colocado na prática, no dia a dia, divergia de uma família para a outra. O que acontece é que, em contextos de uso real da língua, não há espaço para a homogeneidade. Ou seja, o que a gente tem no nosso dia a dia são contextos heterogêneos de comunicação. Dessa forma, a convivência entre as duas línguas é muito mais complexa do que a gente imagina e métodos como o OPOL podem ser muito restritivos e engessar essa convivência.
O que eu pude observar foi que cada família encontrou uma forma própria de convívio entre as línguas. Em algumas, o pai também falava português e essa era a língua predominante em casa e em todos os momentos em família, mesmo fora de casa. Em outras, o pai falava apenas na sua língua e a mãe, por saber falar as duas, alternava entre elas, principalmente quando estavam fora de casa ou recebiam visita. Em outras, as mães conversavam apenas em português com as crianças, em todo e qualquer contexto. Os filhos só viam a mãe falar na outra língua, quando ela precisava conversar com os locais. Mas mesmo nesses contextos, no momento de se dirigir às crianças, ela falava em português.
Ficou bem claro para mim que cada família encontrou o “método” mais confortável e de acordo com o que é melhor para si. Ou seja: o que é melhor para uma família pode não ser para outra. Tudo vai depender do que é mais importante para nós, do que nos faz felizes, do que queremos para nossos filhos. E é justamente por isso que não há como existir um único método para todos. Cabe a nós encontrar o nosso próprio. E seguir consistentes.
Escrito por Priscilla Nogueira