Colocando em prática – Codeswitching

Foto codeswitching

E como tem sido para o Oliver? Vamos tentar colocar um pouco na prática? Só lembrando que cada criança é uma criança. Isso não é uma regra. Queremos descontrair as teorias e todos os outros exemplos e experiências de vocês são bem-vindos!

Eu vou ser bem sincera com uma coisa. Quando eu não conhecia essa teoria do code-switching, eu achava que não era boa essa mistura do alemão com o português em uma frase.

Outro dia, li a respeito disso e fiquei mais tranquila. Coincidentemente, a Pri me mandou o texto sobre esse assunto, referindo-se a ele como mito. Achei muito bom e realmente se aplica ao nosso dia-a-dia atualmente.

Em casa, na Alemanha, como já mencionei algumas vezes, eu falo português com o Oliver. Como ele entrou na escolinha na época que começou a falar, o vocabulário dele se voltou mais para o alemão. Mas ainda tinha muitas coisas que só eu fazia com ele. Como por exemplo, na hora do banho e na hora de preparar algo para comer. Eu preparei muito suco de laranja pra ele. Essa palavra “suco” foi só passar para “Saft” há pouco tempo. Mesmo em um contexto em alemão, a palavra era sempre “suco”. Ele pedia suco no restaurante e a gente precisava lembrá-lo de que ele tinha de pedir em alemão para as pessoas entenderem 😁. As palavras do banho também eram em português, como barriga, pé, perna, nariz, etc… ou dos bichinhos de água que a gente brincava. Ir para a piscina era uma coisa que praticamente só eu fazia com ele. E isso é uma coisa que não mudou. Muito raramente ele usa a palavra em alemão. O vocabulário que ele nunca falava em português era carro, escavadeira, trator, avião, etc… aí você vê quem que fala qual língua com ele 😅.

Com o tempo, como a convivência com o alemão sempre foi muito maior e, consequentemente, o vocabulário em alemão também, essas palavrinhas em português foram se perdendo. Mas, mesmo assim, no nosso dia-a-dia, existiam situações que ele colocava uma ou outra palavrinha em português no meio da fala em alemão. Mas eram palavras soltas e não em uma frase. Só uma vez me chamou atenção, quando eu estava dando banho nele e ele falava em alemão que não gostava de lavar o cabelo, então eu disse: “vamos tentar falar essa frase em português? Repete comigo: Eu não gosto de lavar o cabelo”. E ele disse: “eu gosto não cabelo waschen”. Ele colocou o verbo em alemão, pois ele realmente tem dificuldade com verbos em português, além de ter colocado as palavras na regra gramatical alemã, o que eu achei bem interessante.

Muita coisa mudou desde que viemos passar férias no Brasil. Ainda vou escrever um texto sobre isso e de como era antes de virmos 😊. Mas uma coisa que notei é que esse fenômeno do codeswitching está cada vez mais presente. Eu percebi que a dificuldade dele tem sido com verbos em português. Então, muitas vezes, ele monta uma frase em português, mas com o verbo em alemão. E, muitas vezes também, fala alemão com meu marido e coloca uma palavrinha ou outra em português, o que não acontecia antes de virmos pra cá.

O engraçado é que até meu marido, de tanto ouvir e falar a nossa língua, às vezes acha mais fácil colocar uma ou outra palavra no meio em português do que falar tudo em alemão. Como nomes de frutas, piscina, sorvete, palavras que temos falado em peso aqui.

Só sei que esse texto da nossa nova série veio em boa hora pra mim que, exatamente nesse momento, estou vivenciando isso. 😊

Autora: @anaehrmann

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